sábado, 17 de julho de 2010

morango-guloso

não sei se é por causa do verão, das companhias, do calor, da energia, ... ou da ansiedade em acabar uma tese, mas ando com imensa vontade de me envolver em aventuras culinárias.
e antes que a época dos morangos chegasse ao fim, lá me aventurei a fazer gelado de morango. a minha tia Fernanda costumava fazer para a festa de aniversário do meu primo Vítor, e servia-nos as bolas de gelado em cones, mesmo como qualquer criança gosta! 
hum... se calhar não era na festa de aniversário do meu primo, porque ele faz anos em fevereiro, quando não há morangos nem apetece muito gelado... não sei onde fui buscar esta memória, mas ela cá está: cones de gelado de morango feito pela minha tia numa festa em casa dela. de babar!!
e como costumo ficar com "memórias gustativas",  há imenso tempo que queria experimentar fazer a receita de gelado dela. 
e não há receita mais simples!
deixei "marinar" os morangos (1kg) cortados em rodelas com o açúcar (500gr), alternando camadas de morangos com açúcar. 
ficaram de um dia para o outro, e numa hora apertada de almoço lá fui a correr comprar 4 pacotes de natas frescas Longa Vida para terminar a obra. bati as natas e quando já estavam espessas, fui misturando com carinho os morangos que bati um pouco com a varinha magica. um pouco não... porque sobraram poucos pedaços grandes. a minha tia tinha dito que bastava desfazer com um garfo, mas estes não desfaziam. então bati com a varinha. misturei carinhosamente e distribui por caixas de gelado.
e lá esperei ansiosamente pelas 24h seguintes. nessas 24h fui recebendo encomendas, fazendo negociações com os interesseiros dos meus amigos facilmente impressionáveis com descrições gulosas, ainda sem saber o resultado desta aventura. até que....
mesmo sem colher de gelado, lá meti uma colherada e....
mmmmmmmmmmmhhhhhh... era mesmo isto!!! sabor verdadeiramente a morango, mais sorvete do que gelado, suficientemente cremoso e não excessivamente doce, deixando vontade de a cada colherada querer repetir! 
um pecado escondido no congelador!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

em espiral...

ontem foi o encerramento do ano de formações da equipa espiral. o grupo de danças tradicionais, o grupo de viola e o grupo de gaita de foles juntaram-se para apresentarem "conhecimento adquirido". era o pretexto para o convívio e festança. 
toda a gente trouxe comida e bebida, e o frigorífico foi pequeno para tanto pack de cerveja! 

começaram então as apresentações dos dotes artísticos de cada grupo.
o grupo de viola abriu as hostes, muito concentrados.
depois vieram os alunos da gaita de foles que muito bem tocaram duas muñeiras e uma carvalheira (ou coisa do género)
e por fim lá foram os destrambelhados das danças acompanhados pelo grupo de gaitas da Espiral. Pronto, não correu da melhor forma no início... porque a destrambelhada da professora não ensaiou os meninos para a apresentação...
mas terminamos com o sbrando e fizemos um brilharete!!!
depois dos agradecimentos, e findos os discursos, chegou a tão esperada hora da comida e bebida!! Não faltava nada para matar a fome, a sede e a gulodice! nao podiam faltar as maravilhosas gelatinas da alexandra nem o concurso de "sorvidela de gelatina com palhinha"! e o vencedor foi o sr. miguel antónio, que deixou o copo "impecábel". já o chefe becas, nem sequer deu conta da existência das gelatinas, ali expostas mesmo no centro das atenções... vá-se lá saber porquê!
já tudo animado, uns com fitas enroladas na cabeça, outros descalços, alguns ainda de volta dos cantos da mesa (onde havia pratos de camarões estrategicamente ali colocados), lá exorcizamos a despedida com mais umas danças. Na ultima, nao escapou ninguém, e a única que não dançou fui mesmo eu, para tirar a foto :). Que por sinal... não está nada de jeito! mas no meio do desfoque, dá pra ver os sorrisinhos de boa disposição! e quase todas as meninas tiveram um menino como par para dançar!!
e pronto... de repente ficou um vazio. foi um ano muito especial. um grupo de gente maravilhosa, umas vezes cheios de energia e insurrectos, outras vezes sem vontade nenhuma e insurrectos na mesma, mas fielmente foram aparecendo para um final de noite bem passado.  

a mim resta-me agradecer. 
obrigada pela energia que me fizeram recuperar, 
obrigada pelos momentos de loucura, 
obrigada pelas confidências, 
obrigada pelo carinho. 

hoje rendo-me ao sentimentalismo...
e como a minha vida tem sido uma viagem, com diferentes paragens e partidas,
com encontros e despedidas,
é mesmo esta musica que reflecte tudo isto que vivi com vocês.
e neste vaivém,
"há gente que chega para ficar"...
e a vossa marca já cá está. 





segunda-feira, 12 de julho de 2010

pecado da gula


segundo as tradições cristãs, a gula é um dos sete pecados capitais, e está relacionado com o egoismo humano e o querer mais e mais, sem que a pessoa se contente com o que tem. seria controlado pela temperança, uma das virtudes humanas, que consiste em "moderar a atracção dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporcionar o equilíbrio no uso dos bens criados.

Pois perante uma sobremesa destas, não há quem se segure para evitar cometer pecado. se mais houvesse, mais se comia. o domínio da vontade sobre os instintos só é mesmo controlado no momento em que as fatias se esgotam e assim se acaba a tentativa de prolongar o prazer. não há equilibrio possivel.

a pavlova é uma sobremesa feita à base de merengue, e diz-se que foi criada em homenagem à bailarina Anna Pavlova  numa tour que fez nos anos 20 pela Australia e pela Nova Zelândia. onde foi criada e a origem do seu criador são motivos de discussão entre os dois países, embora fontes levem a considerar a Nova Zelândia como a origem da sobremesa. Eu não sabia disto quando salivei de forma quase automática a ver a confecção desta receita pela Nigella, já não me recordo se antes ou depois de ir à Nova Zelândia. A verdade é que não comi nenhuma pavlova na Nova Zelândia, nem me lembro de as ver por lá. Mas também se as visse, duvido que lhes desse atenção pois nunca achei piada aos suspiros e esses doces feitos com merengue.
mas da forma como salivo de cada vez que penso nesta sobremesa, para mim não podia ter outro nome se não pavlova, inspirado nas descobertas de Pavlov e nas experiências em torno da capacidade de salivar perante determinados estímulos.

E não descansei enquanto não experimentei a receita. de cada vez que a faço, tremo por dentro. não quero que nada falhe, para me poder deliciar com todo o prazer que antecipei até ao momento de pôr uma garfada na boca.
e pronto: comete-se o pecado pelo verdadeiro prazer da gula!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

em recusa


ele chegou. finalmente chegou. e já toda a gente se queixa.
que é demais, que não consegue dormir, que não consegue trabalhar, que assim tanto não.
e reclamam.
eu recuso reclamar. tantos meses à espera e finalmente chegou. que venha quente, muito quente,
que nao deixe dormir, que incomode.
eu recuso reclamar.
gosto do calor. gosto muito do calor. corpos suados, não conseguir dormir, querer estar na rua. a respiração estranha, o corpo reage.
dá energia, mesmo que a moleza se instale. faz-nos sentir vivos.
os dias são longos, as noites também. o calor incomoda. mas eu gosto assim.
que venha, que seja muito de uma vez. porque não há-de durar muito.
e por isso eu nao reclamo. quero o calor. quero o calor todo de uma vez. 
nao tenho saudades da chuva, nem do tempo fresco, nem quero que a temperatura desça.
eu nao reclamo. recuso reclamar do calor.
venha o calor, muito calor!

finalmente chegou e não tarda nada já está de partida.